Caça Maior

A Caça Maior representa a nosso ver o grau de excelência no exercício da actividade cinegética. Pela dimensão e pela nobreza das espécies sobre as quais se pratica, eleva o seu praticante a  obrigatórios patamares supremos de respeito, de ética e de responsabilidade.

No dever de zelar pela conservação e pela boa saúde das espécies,  associado ao de procurar conseguir populações e troféus de qualidade superior, o Caçador e o Gestor, muitas vezes coincidentes, intervêm numa área plena de surpresas, de variantes e de possibilidades.

A percepção cataclísmica do quebrar do mato na carreira do navalheiro que se aproxima do nosso posto, ou a estratégia bem sucedida na aproximação “àquele” veado difícil da Serra, são momentos inolvidáveis de pura Felicidade e a razão profunda desta Paixão. 

Métodos de Caça

Trata-se de um processo complexo de caça que engloba o trabalho de muita gente ( caçadores, postores, carregadores, matilheiros e pessoal da organização) e que, por consequência, necessita de ser realizado numa área significativa de terreno, preferencialmente onde existam efectivos razoáveis de animais, que neste processo específico são o Javali, o Veado e pontualmente o Gamo e o Muflão. Pelo trabalho que dá a organizar e pelos cuidados e regras a observar. A organização de uma montaria equipara-se à preparação de uma grande batalha medieval onde apenas se combatia a pé e com armas brancas.

O processo de caça ESPERA é aquele em que o caçador se coloca (ou posta) em local de visibilidade privilegiada sobre um ponto de alimentação, de água ou de passagem para poder observar, seleccionar e cobrar um animal, seja ele de caça maior seja de caça menor. Apesar de tudo, este é o processo mais especificamente destinado á caça do Javali, durante a noite, com o luar por companhia.

A APROXIMAÇÃO é dos processos de caça maior mais apaixonante e desportivo se comparado com os restantes processos. Através dele o caçador tem a possibilidade de se deslocar livremente pelos terrenos de caça, apreciando todo o ambiente que o rodeia, mas sempre tentando vislumbrar os mais leves e distantes movimentos ou pormenores que possam não fazer directamente parte do meio envolvente. Este é o processo de caça, por excelência para todo o tipo de cervídeos (Veados, Gamos e Corços) e para os carneiros (Muflão).

A batida é um processo de caça em tudo semelhante à montaria, mas com dimensões muito menores: é muito menor o número de caçadores, é bastante menor a área da mancha a bater, e igualmente menor o número de cães utilizados, porque agora não basta que sejam os caçadores ou batedores a levantar a caça; se não houver cães treinados para este efeito, os javalis não abandonam os encames e os cervídeos dão uma ou duas voltas dentro da mancha e voltam a deitar-se no mesmo lugar.

O processo de caça "de Salto" é provavelmente aquele que todos os caçadores conhecem. O regulamento da caça em vigor define este processo como "aquele em que o caçador se desloca para procurar, perseguir ou capturar exemplares de espécies cinegéticas que ele próprio levanta, com ou sem auxílio de cães de caça". No entanto, o processo é vulgarmente utilizado sobre a caça menor e constitui, por si, o processo de caça mais natural e mais vulgar para todos os praticantes da caça. Ora, tratando-se de caça maior, a mesma legislação refere que este processo só é permitido para o javali, pelo que as restantes espécies, apenas podem ser caçadas por montaria, batida, espera e aproximação. E contrariamente à ronda este processo só pode ser praticado de dia e, apesar de tudo, com arma de fogo.

Trata-se de um processo de caça parecido com o método de salto, praticado com a ajuda de cães de caça maior, a cavalo, e como armas apenas se utilizam as armas brancas - a lança de ronda ou a faca de remate. Tanto se pode desenvolver de noite como de dia, apesar da verdadeira tradição obrigar a que se realize de noite quando as diferentes espécies de caça maior se encontram fora do mato, nas áreas abertas, mais descuidadas e desprevenidas.

É, para além do mencionado, um processo de caça característico da Península Ibérica, tendo sido intensamente praticado por nobres e plebeus durante todo o século XIX.