Javali

- Ordem: Artiodactilos S.O. Suiformes
- Família: Suidae
- Género: Sus
- Espécie: Sus Scrofa (Thomas, 1912)
- Comprimento do corpo: 120 cmComprimento da cauda: 22 cm
- Altura: 65 cm
- Peso médio: Machos adultos (Península Ibérica) - 70 a 90 Kg, Femeas adultas (Península Ibérica) - 40 a 65 kg. Ocasionalmente ambos os sexos podem atingir até 150 kg.
BIOLOGIA DA ESPÉCIE
Apesar de ter uma fraca visão, o javali, possuí um grande olfacto e ouvido. Sendo o ouvido uma grande arma de defesa contra qualquer inimigo, pois consegue captar sons imperceptíveis ao homem, é o olfacto o sentido mais desenvolvido, pois permite-lhes detectar comida e inimigos a mais de 100 metros de distância e descobrir mesmo alguns alimentos que se encontram enterrados.
Seus pêlos são grossos e negros medindo cerca de 10 a 13 cm no corpo. Na coluna, as crinas, chegam a atingir 16 cm. Perante um perigo, os javalis eriçam as crinas da coluna tornando-se maior perante os inimigos. A cor da sua pelagem é muito variável, existindo cores desde o negro quase preto, grisalho ou mesmo arrussados e avermelhados. A muda do pêlo tem lugar nos meses de Maio e Junho, sendo que as femeas estando afilhadas têm tendência em mudar mais tarde.
As crias de Javali nascem com umas listas escuras ao longo do corpo, daí o nome de listados, que ao longo dos primeiros meses de existência vão desaparecendo ficando com uma pelagem mais escura.
O Javali é um animal sociavel e pouco territorial que se desloca em grupos matriarcais, normalmente de 3 a 5 femeas com as suas crias. A femea dominante é, em norma, sempre a maior e mais velha. Os jovens machos apesar de acompanharem o grupo vivem um pouco a parte do mesmo. Os machos adultos vivem solitários juntando-se apenas na época do cio. Estes por vezes adoptam um macho mais jovem (Escudeiro) que os acompanha sempre.
O Javali normalmente durante o dia é sedentário, mas durante a noite pode percorrer distâncias consideráveis que podem atingir desde os 2 aos 14 km, utilizando quase sempre os mesmos trajectos e passagens.
O cio dá-se desde Novembro a Janeiro. Nessa altura o macho procura tão activamente femeas receptivas que por vezes esquece de se alimentar. Nessas alturas, quando encontram uma vara de femeas, os machos expulsam as crias do ano anterior e quando necessário lutam contra os seus rivais para conquistarem as femeas. Chegam a travar de 2 a 8 lutas.
Os javalis adoram banhar-se no barro ou lama. Esta acção tem um importante papel na ecologia da espécie, considerando-se as seguintes funções: Como o javali não emite suor, a banha tem como função a regulamentação térmica do corpo; Tem um papel importante a nivel social, inclusivé tem como objectivo a selecção sexual, pois no cio as banhas parecem reservadas só aos machos adultos e dominantes; Serve como desinfestação de parasitas; Serve como marca territorial;
Adaptando-se a qualquer tipo de habitat, o javali tem preferência em zonas de mato fechado onde se encontre comida e àgua. Gosta de florestas densas de pinhal pois para além de protecção, encontram calor no inverno e fresco no verão
O TROFÉU
Os dentes caninos (superiores e inferiores), são o troféu de javali. Quanto mais velho o javali maiores serão os seus dentes. Acontece que com o passar dos anos o javali vai desgastando os dentes tornando-os frágeis e desgatados. Em termos de homologação o javali perde qualidade, mas não deixa de ser um grande troféu e algo que todos os Monteiros sonham cada vez que vão ao campo. O "Velho Solitário" existe no pensamento de qualquer Monteiro!
Veado

- Ordem: Artiodactilos
- Família: Cervídeos
- Género: Cervus
- Espécie: Cervus elaphus
- Peso médio: Machos entre 150 e 200 Kg, femeas entre 75 e 125 kg.
BIOLOGIA DA ESPÉCIE
O veado é um animal de grande porte - o maior dos cervídeos da nossa fauna - forte mas ágil e prudente, cujas dimensões são muito variáveis (o comprimento total vai de 1,65 até 2,5 m e o seu peso varia entre 100 e 200 kg), de dorso direito, membros esguios e garrote saliente.
A cor da pelagem é castanha, levemente avermelhada nos adultos; no primeiro ano de existência, os juvenis, de um castanho mais escuro, apresentam manchas brancas amareladas distribuídas pelo dorso e pescoço. A renovação do pêlo dá-se duas vezes por ano, em Março e Setembro, coincidindo com as mudanças das estações. O escudo anal é amarelado até ao nível do ânus e depois branco.O macho distingue-se normalmente da fêmea por ser mais co;rpulento e apresentar durante quase todo o ano uma armação, normalmente vigorosa, composta por duas hastes cilíndricas, mais ou menos ramificadas.Tal como nos restantes cervídeos, estas armações são caracteres sexuais secundários, estando o seu crescimento e queda relacionados com a actividade dos órgãos sexuais e atingem a forma característica por volta dos 7-8 anos de vida.
A armação é ainda indicadora do macho e constitui um troféu de caça.O seu habitat preferido são os bosques de folha caduca e de coníferas - com zonas abertas - e os matagais.
O veado é um animal de pasto mas recorre igualmente ao estrato arbustivo e arbóreo onde, com a sua grande corpulência, atinge com facilidade a rama de algumas árvores. São da preferência destes animais as folhas de sobreiro, azinheira, castanheiro, carvalhos, oliveira, zambujeiro, ulmeiro, freixo, choupo e figueira, entre outras. Quanto aos frutos, que desempenham um papel importante na sua alimentação, têm preferência especial por bolotas (de carvalho, sobreiro, azinheira, carrasco), castanhas, frutos de pilriteiro, azeitonas e figos.
Alimentam-se ainda de alguns cogumelos, líquenes e casca de algumas árvores como por exemplo oliveira, zambujeiro e ulmeiro.No final do Verão, principios do Outono, inicia-se o cio que se prolonga aproximadamente por um mês e durante o qual os veados se reúnem em agrupamentos mistos, formados por um macho e várias fêmeas (são animais poligâmicos). O número de cervas por harém (grupo de fêmeas), varia principalmente com a relação macho/fêmea existente no local e também com a densidade populacional; cada grupo tanto pode ser constituído por um veado e uma cerva como por um veado e dez a vinte cervas.Para a constituição destes haréns, o macho delimita previamente a área em que se estabelecerá com as fêmeas, impregnando com o seu cheiro árvores e arbustos onde se esfrega. São vulgares nesta época os combates entre machos, podendo atingir grande violência e provocando por vezes - embora raramente - a morte de um ou dos dois intervenientes.
O grito de desafio que o macho lança aos seus rivais na época do cio chama-se brama - ronco seco, profundo e prolongado, que faz lembrar o berrar de um touro - que começa essencialmente ao fim da tarde e que se pode prolongar até às primeiras horas da manhã.Nos restantes meses do ano os machos adultos e as fêmeas separam-se, formando grupos distintos, enquanto que os jovens até um ano de idade permanecem geralmente no agrupamento das fêmeas.A queda da armação, que se verifica todos os anos, dá-se em fins de Fevereiro e Março e o crescimento de novas hastes , começa imediatamente; nos animais mais velhos as hastes caem primeiro, sendo os animais com 2 anos (primeira cabeça) os últimos a perdê-las. Durante o seu desenvolvimento as hastes apresentam-se cobertas pelo veludo.
Na época do cio seguinte já todos apresentam as cabeças completamente refeitas mas enquanto não se forma a nova "cabeça", os machos escondem-se no mato, sendo bastante difíceis de observar.
Os nascimentos começam em Abril e as fêmeas (que podem criar pela primeira vez aos 2 anos) parem uma cria, muito raramente duas. Durante as duas primeiras semanas de vida a cria não abandona o local onde nasceu, permanecendo a mãe sempre nas imediações. Passado este tempo, as fêmeas e as crias reúnem-se em rebanhos mais ou menos fixos, sendo os jovens amamentados até à época do cio seguinte.
Com o fim do Verão começa novamente o cio destes animais, fechando-se assim o seu ciclo biológico.
Gamo

- Ordem: Artiodactilos
- Família: Cervídeos
- Género: Dama
- Espécie: Dama dama (Linnaeus,1758)
- Peso médio: Machos entre 52 e 63 Kg, femeas entre 28 e 41 kg..
BIOLOGIA DA ESPÉCIE
É um animal mais pequeno que o veado e de cabeça mais curta, com focinho fino e de corpo compacto; o seu comprimento total varia de 1,30 a 1,50m.
A pelagem sofre duas mudanças anuais: a pelagem de Verão. mantém-se aproximadamente durante 4 a 5 meses, desde meados de Abril até meados de Setembro, altura em que o animal adquire a pelagem de Inverno que se mantém durante o resto do ano.
Com a pelagem de Verão, o animal apresenta uma coloração geral castanha clara um pouco arruivada, com manchas brancas espalhadas pelo dorso e a parte inferior do corpo clara. No Inverno, as manchas desaparecem totalmente e o tom em geral é de um castanho escuro Um pouco acinzentado; as restantes partes do corpo conservam as mesmas cores, com uma tonalidade mais escura. A cauda, relativamente comprida (cerca de 15 cm), é branca com uma risca central negra na face exterior; o escudo anal é também de cor branca sendo ladeado por duas faixas negras.
O macho distingue-se da fêmea por apresentar durante a maior parte do ano urna armação; esta é constituída no animal adulto por duas hastes espalmadas, arredondadas na base. Na parte superior da área espalmada desenvolvem-se várias pontas. Aos 7 anos, tal como no Veado, a cabeça atinge a sua forma característica. O gamo prefere zonas com abundante arvoredo e matagal, com áreas de pasto. A alimentação é muito semelhante à do veado, variando essencialmente com o habitat.
O cio começa no princípio do Outono e tem uma duração aproximada de um mês. Durante essa fase, os machos formam haréns (grupos de fêmeas) de composição semelhante aos dos veados. Para a constituição destes grupos, o macho delimita previamente a área em que se estabelecerá com as fêmeas, impregnando com o seu cheiro árvores e arbustos. Também nestes cervídeos são vulgares os combates entre os machos mas não apresentam a violência dos combates entre veados. A brama - grito de desafio do macho - é bastante menos forte do que a do veado e mais curta e intermitente; na fase mais intensa do cio o gamo brama durante todas as horas do dia.
Fora da época do cio, machos e fêmeas separam-se, permanecendo os jovens até um ano de idade com as mães.A queda das hastes que, tal como nos outros cervídeos, se verifica todos os anos, dá se em Março-Abril e o crescimento de novas hastes começa imediatamente.
Os nascimentos iniciam-se em Maio e as fêmeas parem uma cria, raramente duas. Com o fim do Verão começa um novo ciclo biológico.
Corço

- Ordem: Artiodactilos
- Família: Cervídeos
- Género: Capreolus
- Espécie: Capreolus Capreolus (Linnaeus, 1758)
- Peso médio: Entre 15 e 30 Kg, sendo a média 20-21 Kg.
BIOLOGIA DA ESPÉCIE
Espécie cuja capacidade de adaptação é sem dúvida das mais notáveis, é o mais pequeno dos cervídeos portugueses, de aspecto gracioso mas compacto.
Sobretudo activo durante a madrugada e o fim do dia, passa a maior do tempo restante embrenhado no coberto,comendo ou repousando; este facto, aliado ao comportamento arisco que o caracteriza, bem como ao tipo de terreno em que geralmente se encontra, faz com que estes animais dificilmente sejam vistos, mesmo pelas pessoas que frequentam os locais por eles habitados.
Em comparação com o veado - entre os nossos cervídeos sem dúvida o mais conhecido - o corço é um animal bastante mais pequeno, variando o seu peso entre os 15 e os 30 kg; as suas armações são também mais pequenas e menos ramificadas: geralmente a armação dos animais adultos não atinge mais do que três pontas em cada haste, dizendo-se então que o animal tem uma cabeça de seis pontas. Ao contrário do que pode acontecer com o veado, a armação do corço não nos dá a indicação precisa da idade do animal pois o número de pontas, bem como o aspecto geral da cabeça, dependem mais de factores como a alimentação, estado de saúde, número de animais por hectare, entre outros, do que propriamente da idade.
No que respeita ao dimorfismo sexual, ele é sobretudo patente no facto de, tal como no veado e nogamo, só os machos possuírem armação. No entanto, durante a época do ano em que os machos não têm armações ou mesmo em situações de visibilidade difícil, é possível distinguir o macho da fêmea pela forma do escudo anal: no macho é em forma de rim e na fêmea é em forma de coração.
Eminentemente esquivo, o corço encontra-se de preferência em zonas onde a vegetação se caracteriza por uma alternância de bosques e prados, com culturas e zonas de mato de densidade e altura variáveis. Embora tímidos e desconfiados, não é invulgar encontrarem-se corços nas vizinhanças das povoações, desde que exista abrigo apropriado nas imediações. Esta aproximação deve-se à procura - para a alimentação - das culturas que normalmente se situam ao redor das aldeias. De qualquer modo, os estragos provocados por estes animais não são, salvo raríssimas excepções, sensíveis, pois que, para além de preferirem comer aqui e ali, os corços também dependem bastante da vegetação arbustiva, como giesta, urze, silvas e ,outros arbustos, Os frutos encontrados no chão (castanha, bolota, cereja, etc.), bem como alguns cogumelos, fazem parte também da alimentação destes animais.
No aspecto comportamental e reprodutivo, não são grandes as diferenças entre esta espécie e os restantes cervídeos portugueses.O corço é um animal fundamentalmente solitário, não formando - no nosso país - rebanhos, mesmo durante o Inverno; acresce que, no caso dos machos, há uma fase do ciclo de vida - iniciada geralmente em Março com a limpeza do veludo que cobre' as hastes - a que corresponde a delimitação de uma área de tamanho variável, através da secreção de glândulas especiais e marcas efectuadas com as hastes em arbustos e árvores jovens; o macho passa então a defender esta área, o território, dos outros machos adultos. Este tipo de comportamento prolonga-se até ao cio, que em Portugal ocorre entre Julho e Agosto. Os partos ocorrem geralmente em Maio; a gestação anormalmente longa da corça (10 meses) explica-se pelo fenómeno da implantação retardada, que se resume à paragem do desenvolvimento do ovo logo após a fecundação, recomeçando só em Dezembro/Janeiro (o embrião mede nesta altura só 2 cm), desen volvendo-se então o processo de forma normal até às parições, que vão assim ocorrer numa época especialmente favorável em termos alimentares.
As fêmeas podem ter a primeira criação com a idade de 2 anos. Parem com alguma frequência duas crias (de sexos diferentes), por vezes só uma cria e raramente três (as fêmeas mais velhas).
Muflão

- Ordem: Artiodactilos
- Família: Bovidae
- Género: Ovis
- Espécie: Ovis ammon
- Peso médio: Machos entre 150 e 200 Kg, femeas entre 75 e 125 kg..
BIOLOGIA DA ESPÉCIE
O muflão é um "carneiro selvagem", de pelagem curta; os machos têm cornos recurvados (o troféu nesta espécie), e nas fêmeas, quando estão presentes, são muito pouco desenvolvidos.
Esta espécie apresenta valores médios de peso entre 25 e 50 kg, um comprimento total de 1,10 a 1,30 m e a sua altura ao garrote pode variar entre 65 e 75 cm.
As origens do muflão não estão esclarecidas ainda, havendo autores que defendem ter esta espécie origem em carneiros domésticos introduzidos em ilhas mediterrânicas (Sardenha e Córsega).
Actualmente, apresenta ampla distribuição europeia (Europa Central e Meridional), embora em Portugal a sua introdução seja muito recente e muito localizada.
No muflão, o cio ocorre em Novembro e as parições verificam-se normalmente em Abril. A espécie é sociável; no Verão os machos adultos reúnem-se em grupos independentes de outros grupos, formados por fêmeas e jovens.